
Sabemos que uma maneira costumeira que Jesus tinha de ensinar era por meio de parábolas, palavra esta do grego Parábola “colocar ao lado”, ou seja, comparar algo.
Mateus e Marcos relatam um destes ensinos conhecidos pela maioria como “Parábola do Semeador”. Penso ser desnecessário relatá-la por escrito aqui, porque acredito ser do conhecimento de todos que lerão este artigo (Mt 13:1-22 e Mc 4: 1-20). Se pudesse dar um nome a este ensino chamaria de a “parábola da resposta”, porque entendo que trata da resposta que damos a Palavra do Reino. No relato de Marcos lemos o seguinte:
“Então Jesus lhes disse: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as outras? (Mc 4:13)
Note que este ensino é a chave para compreendermos as outras parábolas, justamente pelo fato de tratar de como respondemos à Palavra do Reino, com qual atitude recebemos a semente de Deus em nossos corações. É de grande relevância meditar neste texto, para que possamos ter o nosso entendimento iluminado e avançarmos para um nível de maior compreensão e prática dos princípios do Reino.
Quero usar uma destas comparações para cooperar com o aperfeiçoamento dos santos tendo em vista o desempenho do nosso sacerdócio no Senhor.
Os três evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas) registram o ensino de Jesus “colocando o sal ao lado” (parábola) de nossas vidas para nos instruir de nossa missão, o interessante é que, todos os evangelistas relacionam o sal com situações diferentes.
Podemos definir o sal como:
1º Uma substância que misturada à outra muda a condição da mesma (dar sabor)
2 º Um fator conservador (conservar e impedir que apodreça)
2 º Um fator conservador (conservar e impedir que apodreça)
Então 1º este é o efeito que deveríamos produzir no mundo e, 2º este é o efeito que o sal produz em nós! Acredito haver um sentido que conecta uma situação a outra (o fato de estar relacionado com situações diferentes em cada evangelho) e, me parece que até mesmo a ordem em que os Evangelhos estão no Canon coopera com este pensamento. Portanto iremos seguir esta ordem para desenvolvermos uma linha de raciocínio. Em Mateus encontramos o sal no capítulo 5:13;
“Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se há de salgar? Para nada serve senão para ser lançado fora e pisado pelos homens”
Precisaremos olhar para o contexto e então ficará mais claro sobre com o que está relacionado aqui. Este é o sermão proferido por Jesus em um monte, que se inicia com as bem-aventuranças e, antes de falar sobre o sal os versículos anteriores relatam o seguinte:
“Bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Regozijai-vos e alegrai-vos, porque grande é o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós” (Mt 5:11-12)
Qual a condição necessária para nos alegrarmos quando mentem ao nosso respeito? O fato de termos uma vida íntegra um bom caráter, e estes dois termos falam de sermos inteiros em tudo o que somos, e fazemos. Penso que isto não fala de perfeição e sim de inteireza de coração para que nossas obras sejam conhecidas diante de Deus. Não é o que fazemos e sim porque fazemos; “Fez Amazias o que era reto aos olhos do Senhor, porém não com inteireza de coração” (2Cro 25:2).
Então neste texto o sal está relacionado a caráter que é igual a ser inteiro.
Em Marcos 9 temos também registrado a parábola do sal;
“E cada um será temperado (salgado) com fogo. Bom é o sal, mas se vier a se tornar insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros” (Mc 9:49-50)
Neste texto vemos que Jesus nos instrui a sermos sal da terra e, também termos sal em nós mesmos. Mudarmos a condição ao nosso redor nos conservando puros, “para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa... retendo a palavra da vida...(Fl 2:15e16ª), e está claramente relacionado ao fogo, devido ao fato de que todos os versículos anteriores falam de fogo.
Em sua 1ª epístola o apóstolo Pedro nos fala sobre nossa função sacerdotal na Nova Aliança. Somos chamados a ser um reino sacerdotal (Ap 1:5-6, 1Pd 2:9);
“vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecermos sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2:5)
É nossa função sacerdotal oferecer a Deus Pai sacrifícios espirituais por meio de Cristo, mais a questão é: Quais são estes sacrifícios? A semelhança da Antiga Aliança nós também oferecemos incenso e sacrifício, notem o que Davi diz nos salmos;
“Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos como o sacrifício da tarde” (Sl 141: 2)
Nossas orações são o verdadeiro incenso (Ap 8: 3-4) e, nossa adoração são nossos sacrifícios. Levantar das mãos fala de rendição total, entrega. É também importante vermos que o sacrifício dos salmos é específico, ou seja, o sacrifício da tarde que era o holocausto; Oferta queimada por inteiro. Não iremos falar disso pormenorizadamente agora. O fato é que esta oferta (holocausto) era queimada por inteiro representando que o ofertante se entregava por completo ao Senhor.
Em Mateus para sermos o sal da terra é necessário sermos inteiros, em Marcos passarmos pelo fogo, uma oferta queimada por completo. Ser inteiro parar queimar por completo! “Portanto, rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo...” (Rm 12:1).
Porque queimar? Em Mateus 5 a parábola do sal está conectada com a da candeia, que nos desafia a ser a luz do mundo, porque? No contexto da época para que houvesse luz (uma candeia iluminar) era necessário azeite e fogo. É assim que seremos a Luz do mundo, queimando para Deus por inteiro. Batizados no Espírito e no Fogo (Lc 3:16). Queimar e brilhar para que nossas vidas iluminem os perdidos!
E finalmente veremos com o que está relacionado o sal no evangelho de Lucas;
“Bom é o sal, mas se tornar-se insípido, como restaurar-lhe o sabor? Nem presta para a terra, nem para o monturo; é lançado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 14:34-35)
Os versículos anteriores descrevem um homem iniciando a construção de uma torre e, um rei se aprontando para sair à guerra, o que ambos tem em comum é o fato que o conselho para os dois é: Senta e calcula o custo, ou seja, se quisermos andar após Cristo e sermos o sal da terra isto irá nos custar tudo, e então seremos este fator que muda a condição de algo e se conserva puro, e neste texto o Senhor encerra dizendo: Quem tem ouvidos para ouvir ouça e, ouvir sempre está ligado a obedecer.
Nas palavras de Jesus; BOM É O SAL!
Escrito por Leandro Vieira (Curitiba)
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